• Chronique ***** par Rui Eduardo Paes sur Jazz.pt (26 juin 2014)
Na sua segunda incursão em disco, o trio formado por Daunik Lazro, Benjamin Duboc e Didier Lasserre volta a ter uma referência literária, não o haiku de “Pourtant les cimes des arbres…”, mas um autor tão francês quanto os músicos reunidos, Henri Michaud. E no entanto, continua a haver na única longuíssima improvisação que integra o CD uma abordagem que parece japonesa. A forma como a energia é gerida ao longo de 55 minutos, muito austera e medida (mesmo quando, ou sobretudo, a intensidade e a densidade crescem) não é coisa ocidental, decerto, e não costumamos encontrá-la nos domínios do jazz e da improvisação livre em que estes três circulam.
É isso que torna “Sens Radiants” tão especial – não tem enquadramento, é um objecto estranho. Distingue-se da “old school” do free e da música improvisada franceses, apesar do fantástico saxofone barítono que aqui se ouve ser tocado por um dos seus pioneiros (Lazro), e não alinha com as práticas improvisacionais em voga, tão preocupadas em “parecer-se” com a música escrita contemporânea. Desalinhado, surpreendente, o grupo nem a si mesmo é fiel, indo para além do que propusera antes. Quando tal acontece, quando ainda há músicos que se atrevem a sair das molduras, renovamos a esperança…
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